Atormentado. Eis a condição intrínseca ao fazer do sociólogo. Antes de qualquer coisa um cidadão que deve refletir e desvendar o mundo social. Um mundo atormentado. Talvez, não mais do que outros mundos e épocas, mas o mais consciente de seus fantasmas.
Reflexividade cognitiva e instantaneidade comunicacional pintam o quadro do tormento. As tintas são densas, as pinceladas pesadas, as camadas se sobrepõem, a percepção se embaralha. E espanta. O humano se torna monstruoso. Como em um quadro de Bacon. Espanto contínuo que pode jogar o cidadão na letargia.
Se o cidadão para afirmar sua cidadania não deve ficar insensível ao espanto, o sociólogo não pode. Por dever de ofício deve manter o espanto, o tormento, a angústia. Mas não pode desesperar. Não pode fugir, nem virar as costas. Por obrigação social deve estar atento e astuto. Astúcia para ser capaz de conviver com as sensações de tormento e espanto sem perder o viés analítico. Astuto para não gritar contra as brutalidades policiais durante o trabalho de campo, mas segurar o tormento até chegar ao conforto de sua casa e ter a coragem de assumir as lágrimas que embaçam a visão ao escrever o diário de campo.
Reflexividade cognitiva e instantaneidade comunicacional pintam o quadro do tormento. As tintas são densas, as pinceladas pesadas, as camadas se sobrepõem, a percepção se embaralha. E espanta. O humano se torna monstruoso. Como em um quadro de Bacon. Espanto contínuo que pode jogar o cidadão na letargia.
Se o cidadão para afirmar sua cidadania não deve ficar insensível ao espanto, o sociólogo não pode. Por dever de ofício deve manter o espanto, o tormento, a angústia. Mas não pode desesperar. Não pode fugir, nem virar as costas. Por obrigação social deve estar atento e astuto. Astúcia para ser capaz de conviver com as sensações de tormento e espanto sem perder o viés analítico. Astuto para não gritar contra as brutalidades policiais durante o trabalho de campo, mas segurar o tormento até chegar ao conforto de sua casa e ter a coragem de assumir as lágrimas que embaçam a visão ao escrever o diário de campo.
EBER PIRES MARZULO, 2005
WONDERFUL blog!!!! +Following
ResponderExcluirOlá, vim conhecer sua casinha...e me tornar seguidora...
ResponderExcluiroutra hora volto para te ler com mais calma...
volte sempre lá em casa e deixe seu comentário, será um prazer...lá o outono chegou... beijos...